O Centro de Memória da Amazônia (CMA) é um órgão subordinado à reitoria da Universidade Federal do Pará(UFPA), que nasceu por meio de um convênio entre a UFPA e o Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJE-PA) com o objetivo de melhor salvaguardar e ao mesmo tempo, tornar acessível a rica documentação “inativa” pertencentes ao acervo histórico do TJE, constituídos por
processos cíveis e criminais datados entre 1785 e 1970, contribuindo assim com o registro histórico das relações sociais e culturais da Amazônia (Martins, 2013). Esse acervo constitui um patrimônio documental da Amazônia (Batista et. al. 2024). Parte dessa documentação é compreendida por aproximadamente 14.000 processos criminais, a maior parte dos quais não foi catalogada especialmente os provenientes das Varas Criminais e Pretorias. O processo de catalogação de documentos envolve a descrição e definição dos aspectos necessários para a sua correta identificação e recuperação. No entanto, esses registros, produzidos entre os anos finais do Império e os anos iniciais da República, inserem-se na chamada fase pseudo-etimológica da ortografia portuguesa, com padrões de grafia e de instrumentos de escrita distintos dos atuais (Mateus, 2016). Ademais, essa documentação, ao longo de décadas, foi exposta à ação do tempo, sofrendo os efeitos da umidade, de agentes biológicos como insetos e fungos e de condições inadequadas de armazenamento. Esses fatores afetam a documentação à medida em que podem esmaecer e/ou danificar o suporte da escrita, por vezes dificultando ou inviabilizando sua leitura, o que requer a aplicação do método da leitura paleográfica, essencial para a recuperação do seu teor informacional. Esse método compreende o conhecimento sobre “a base da escrita, a tinta, a grafia das palavras, a caligrafia, a pautação, os parágrafos, a pontuação, a numeração, bem como as eventuais tentativas de adulteração do
documento” (Berwanger; Leal, 2008, p. 89) Com base nesse conhecimento, o arquivista, como profissional da informação, pode “decifrar” o conteúdo de documentos antigos, transcrevendo-os para a grafia atual tornando, assim, aquela escrita acessível para a sociedade. Nesse sentido, este projeto extensionista propõe a leitura e transcrição dessa documentação a ser executada por discentes da Faculdade de Arquivologia, bolsista e não bolsistas, sob a orientação da docente proponente, responsável pelo Componente Curricular obrigatório de Paleografia no curso homônimo O projeto atende às finalidades da extensão universitária no que diz respeito à troca de conhecimento entre universidade e sociedade, já que a leitura de documentos manuscritos antigos não é acessível ao público em geral em sua versão original. Almeja-se que os resultados dessa atividade extensionista reflitam em maior acessibilidade e visibilidade desse acervo e contribuam com o conhecimento histórico sobre os anos finais do século XIX e anos iniciais do século XX, além de colaborar para a promoção da cidadania e a preservação da memória do Brasil e da Amazônia.
Estado: Ativo
Coordenadora:Iane Maria da Silva Batista