Os arquivos da Amazônia têm um grande valor histórico e social, tanto no âmbito local, como também no âmbito nacional e internacional. Do mesmo modo, esses arquivos são fontes de alto valor para centros acadêmicos, agências de fomento e instituições científicas a nível global. Exemplo deste tipo de arquivos, se encontra o Observatório Magnético de Tatuoca – TTB, o qual virou uma instituição de grande reconhecimento no Pará desde inícios do século XX, como destaca Berrío-Zapata (2022), a sublinhar que:
O Observatório Magnético de Tatuoca, identificado internacionalmente pela IAGA (IAGA, 2022) como TTB, foi instalado pelo Observatório Nacional (ON), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, na ilha de Tatuoca, baía do Guajará, Belém, em 1957 (MORSCHHAUSER et al., 2017). O TTB disponibilizou dados registrados de forma analógica, em papel, para a comunidade científica entre 1957 e 2007. Por essa razão, esses dados não puderam ser aproveitados integralmente. Com o apoio do instituto alemão GeoForschungsZentrum (GFZ) (GFZ, 2022), o TTB começou a transmitir dados digitais após 2007, e a coleção de documentos físicos gerados no período mencionado foi trasladada ao Museu Paraense Emílio Goeldi, na cidade de Belém, para ser estocada sem tratamento arquivístico. A coleção, que soma aproximadamente 34.000 fólios pesando quase meia tonelada (BERRÍO-ZAPATA; GOMES CÂNDIDO, 2019), está em perigo de desaparecer por ação do clima e dos agentes biológicos, sendo que os dados nos documentos ainda não foram integralmente aproveitados.
Portanto, o Campo Magnético Terrestre (CMT) e as suas características e dinâmicas permitem a existência de vida no planeta e o desenvolvimento de uma civilização tecnologicamente fundamentada no uso da eletricidade e do magnetismo. O CMT tem três fontes: (1) o geodínamo; (2) o campo crustal e, (3) o campo externo. Este último interage com o espaço exterior por meio da ionosfera e a magnetosfera, bloqueando o vento solar, cujas partículas e radiações podem causar danos nos órgãos, doença por radiação e câncer (BUIS; NASA JET LAB, 2021; OLSEN; HULOT; SABAKA, 2007). O CMT pode variar em intensidade, direção, inclinação e polaridade ao longo de grandes períodos (variações seculares), devido a dinâmicas interiores do planeta. Estas variações permitem estudar e entender a evolução da Terra, incluindo a relação entre o magnetismo e a vida (STEVENSON, 2005).
Do ponto de vista social e de sustentabilidade, compreender e monitorar o CMT é vital para proteger a sustentabilidade da biosfera. Para isso, foram instalados ao redor da terra vários observatórios magnéticos que geram dados para produzir modelos do CMT, fundamentais na prospecção geofísica e na indústria das telecomunicações. A utilidade global destes dados, atinge a visão da UFPA de ser reconhecida nacional e internacionalmente, e sua vocação para apoiar processos de conhecimento que integrem a sustentabilidade, criatividade e inovação na sociedade.
Estado: Ativo
Coordenador: Juan Bernardo Montoya Mogollón