A partir da segunda metade do século vinte, a criação, desenvolvimento e constante atualização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), permitiram não somente mudanças em alguns paradigmas relacionados à organização e gerenciamento informacional, como também no surgimento de um novo agregador de valores sociais, políticos e econômicos, com celulares, computadores e aplicativos redefinindo parâmetros de inter-relacionamento da sociedade contemporânea. Nos EUA, as novas tecnologias de informação progressivamente tiveram sua produção e utilização inseridos nas empresas privadas (na década de 1960) e no âmbito pessoal durante as décadas de 1970 e 1980. Esse fato permitiu o papel de vanguarda e liderança do país na chamada “terceira revolução industrial”(CASTELLS,2011; SANTOS JUNIOR, 2012). A história do setor relacionado a computadores e automação na então União Soviética (URSS) evidencia tanto as potencialidades quanto os problemas do campo tecnológico naquele país depois do fim da Segunda Guerra Mundial e durante a chamada Guerra Fria, período de disputa ideológica entre os EUA e a URSS em busca de poderio político, econômico e, principalmente, militar. Por um lado, a URSS mostrou pioneirismo na produção de computadores – foi o terceiro país a construir um modelo, depois dos EUA e da Inglaterra – e tinha um campo em ciência da computação independente e solidificado no final da década de 1960. De outro, o Partido Comunista Soviético, após 1967, influenciado por fatores internos (controle do campo científico do país) e externos (custos advindos da corrida armamentista com os EUA), adotou políticas de cópia e clonagem de modelos ocidentais para os equipamentos produzidos pela URSS, causando estagnação em alguns setores de automação no país nas décadas seguintes (SANTOS JUNIOR, 2013).
A ciência da computação na URSS teve suas origens no final da década de 1940, com a assimilação, por parte dos pesquisadores soviéticos, de disciplinas científicas que emergiam nos EUA e na Europa ocidental nesse período como, por exemplo, a cibernética, disciplina no qual, segundo um dos fundadores, o matemático norte-americano Norbert Wiener, analisa “(…) não apenas o estudo da linguagem, mas também o estudo das mensagens como meios de dirigir a maquinaria e a sociedade, o desenvolvimento de máquinas, computadores e outros autômatos” (WEINER, [1948] 1961