Em 1831, após meses de tensões entre diferentes setores políticos e sociais, o imperador Dom Pedro I abdicou ao trono brasileiro, sendo o império, nos nove anos seguintes, entrando no que foi conhecido como “período regencial”. Em relação à Regência, citam-se três fases que identificam esse período. Primeiramente, entre 1831 e 1834, marcado por reformas e estabelecimento dos caramurus, exaltados e moderados como as principais forças políticas no país. A segunda, marcada por debates políticos acalorados e o ápice de revoltas pelo império; e, por fim, a ascensão da chamada ala “regressiva”, em 1837, identificada pela tentativa de maior estabilidade, com o apaziguamento ou controle de algumas das rebeliões, e no recuo de algumas reformas, fase essa encerrada com o chamado “golpe da maioridade”, com Dom Pedro II alçado ao trono em 1840 (BASILE, 2017). A regência brasileira em trabalhos contemporâneos tem sido discutida a partir da eclosão de revoltas que se estenderam nos primeiros anos do segundo reinado (BASILE, 2017; SILVA, FELDMAN, 2010). Nessa pesquisa, o objeto de análise foca em uma das principais revoltas do período, a mais violenta e talvez, com a revolução farroupilha ocorrida no Rio Grande do Sul, a que mais atraiu atenção do governo regencial (MACHADO, 2016; CARVALHO, 2012), a Cabanagem, ocorrida na província do Grão-Pará entre 1835-1840, com desdobramentos e consequências que se estenderam por décadas.